Em Juiz de Fora, a essência do Natal ganha uma nova luz através dos presépios que compõem o valioso acervo do Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Longe de serem meros adornos, essas obras de arte narram histórias profundas, revelam modos de vida e expressam a riqueza artística que transcende gerações e fronteiras. Cada presépio oferece uma interpretação singular do nascimento de Jesus, moldada pelos materiais disponíveis em cada região e pela sensibilidade única de seus criadores.
Um Universo de Detalhes e Origens
A coleção impressiona pela sua vasta diversidade, apresentando desde criações minúsculas feitas de bolinhas de gude, massa de pão e conchas, até peças elaboradas com palha de milho e caixas de fósforos. A 37ª edição desta exposição convida o público a contemplar mais de 60 exemplares de presépios, originários de diversas cidades brasileiras como Divinópolis, Piúma (ES), Rio Negro (PR), e também de países como Bolívia, Equador, Itália, Peru e Polônia.
Visite a Exposição ‘Caminho da Estrela’
A mostra ‘Caminho da Estrela’ permanecerá aberta à visitação gratuita de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, até o dia 9 de janeiro de 2026. O Forum da Cultura está localizado na Rua Santo Antônio, 1112, Centro, em Juiz de Fora.
Destaques do Acervo: Uma Viagem Pelas Peças Mais Curiosas
Presépio de Bolinhas de Gude: Uma Joia da Memória
Criado com um material que evoca afetividade e simplicidade, o presépio de bolinhas de gude é uma das peças mais singulares. Uma história de criatividade e emoção que ganhou ainda mais valor simbólico após o falecimento do artista Cícero Campos, de Divinópolis.
- Curiosidades:
- Autoria: Cícero Campos (Divinópolis)
- Material: Bolinhas de gude
- Relevância: O primeiro presépio do artista, inspirando uma segunda peça para sua família. Existem apenas dois no mundo.
- Acervo: Um no Museu de Cultura Popular da UFJF; outro com a família do artista.
Presépio de Massa de Pão: O Símbolo que Alimenta a Fé
Neste presépio equatoriano, o pão, um alimento essencial, eleva-se a um símbolo religioso, reforçando a conexão entre o nascimento de Jesus e o significado histórico de Belém como a “casa do pão”. A técnica artesanal garante a durabilidade desta obra.
- Curiosidades:
- Origem: Equador
- Material: Massa de pão
- Simbologia: Remete a Belém, a “casa do pão”.
- Técnica: “Pães trabalhados”, com segredo no processo de assar para resistência.
Presépio de Conchas: Fé e Mar no Litoral Capixaba
Diretamente de Piúma, no Espírito Santo, este presépio feito de conchas narra a profunda relação entre a fé e o mar. Representando o nascimento de Jesus, ele celebra a identidade local de uma cidade onde cerca de 200 famílias vivem do artesanato em conchas.
- Curiosidades:
- Autoria: Nelcineia Bayerl Taylor (Dona Nilce), ex-presidente da ASAPI.
- Origem: Piúma, ES, conhecida como a “cidade das conchas”.
- Material: Conchas naturais.
- Reconhecimento: Peças alcançaram diversos estados e países.
Presépio de Palha de Milho: A Delicadeza da Natureza Brasileira
A simplicidade e a beleza da palha de milho, combinadas com elementos naturais, dão vida a um presépio que exalta o artesanato familiar e a conexão com a natureza exuberante do Brasil. Um trabalho iniciado nos anos 1970 pela família Horn, do Paraná.
- Curiosidades:
- Autoria: Doralice Horn (Rio Negro, PR).
- Materiais: Palha de milho, musgos e flores desidratadas.
- Estrutura: Montado dentro do fruto “pente-de-macaco” (Pithecoctenium crucigerum).
- História: Inspirado pela paixão do esposo, Meinrad Horn.
Presépio em Caixa de Fósforo: Um Tesouro Boliviano em Miniatura
Pequeno em tamanho, mas imenso em significado. Este retábulo boliviano, confeccionado dentro de uma caixa de fósforo, impressiona pela riqueza de detalhes e pela forte simbologia da cultura andina. É o menor presépio do acervo do Museu de Cultura Popular da UFJF.
- Curiosidades:
- Origem: La Paz, Bolívia.
- Formato: Retábulo em caixa de fósforo.
- Destaque: Menor presépio do acervo da UFJF.
- Tradição: Retábulos são oratórios portáteis que retratam cenas religiosas e sociais da cultura andina.
Fonte da imagem: G1 Zona da Mata