Esses dias me perguntaram se yoga era um tipo de exercício físico e eu, imediatamente, respondi que não. E logo me lembrei do meu mentor dizendo que o yoga deve entregar aquilo que o praticante veio buscar para, em seguida, oferecer tudo mais que o praticante pode levar do yoga, mas nem imagina. É difícil explicar a amplitude do yoga porque estamos falando de uma prática integrativa que busca união entre corpo, mente e espírito, sem envolver, necessariamente, questões religiosas e filosóficas.
Já imaginaram uma prática simples e acessível que promete trabalhar corpo, mente e espírito ao mesmo tempo? Não parece mentira? Por isso, é tão difícil explicar a totalidade do yoga e a recomendação é experimentar! Se você quer realmente conhecer o yoga e suas potencialidades, experimente! A prática constante, com aprofundamento e entrega é o que vai demonstrar tudo o que o yoga pode proporcionar ao praticante, surpreendendo até os mais céticos.
O yoga parte de uma tradição oral indiana, de mais de cinco mil anos, e chega aos nossos dias, no Ocidente, com status de modinha, ainda mais depois das redes sociais permitirem a veiculação em massa de imagens acrobáticas exibidas por corpos considerados perfeitos em cenários paradisíacos. Mas yoga não é isso! Yoga não é o que a blogueira posta: um corpo se contorcendo enquanto veste roupas e acessórios da moda, em cima aquele tapetinho caríssimo numa varanda com vista pro mar. Essa não é a essência do yoga (e talvez a blogueirinha nem saiba disso!), mas é o que atrai a atenção da maioria das pessoas no Ocidente. E tudo bem chegar por esse caminho, ainda assim, a caminhada surpreende.
O yoga é uma prática física, sim. Também é uma prática de exercícios respiratórios. E também é meditação. Por isso, considero o yoga uma prática de cura. Em apenas uma aula, podemos alcançar algum nível de cura. Em apenas uma aula, podemos conseguir equilibrar algum tipo de energia estagnada, bloqueada, em escassez ou excesso, que está te causando problema há anos e você sequer sabia. E talvez continue sem saber porque nem sempre teremos a percepção clara do que foi feito para liberar aquele ponto de tensão ou dor ou aquele pensamento negativo que insistia em ficar ali. De repente, você simplesmente percebe que não está mais ali. Na maioria das vezes, vamos apenas perceber a cura. A cura de uma insônia persistente, de uma enxaqueca que só passava com determinado medicamento, de uma dor de garganta ou alergia por causa do ar condicionado, a cura de uma insegurança no trabalho, ou com o corpo, que acaba te limitando ou a cura de outro processo de autossabotagem.
A prática regular do yoga proporciona liberação de energias e permite alcançar níveis profundos de consciência, liberando o corpo de dores e limitações físicas, permitindo que a mente se reorganize e desenvolva plasticidade cerebral ao trabalhar, por exemplo, a busca incessante por conforto no desconforto. No auge da suposta dificuldade física da postura, é recomendado que você respire e busque conforto no desconforto. Respire e lembre-se de que é um desconforto controlado e passa em poucos minutos. Respire e abstraia o que está fora do momento presente. Respire e observe as tensões do corpo. Respire e libere cada uma dessas tensões. Respire e observe o ar que entra e sai pelas suas narinas. Respire e observe a sua mente, sem se julgar, busque apenas se (re)conhecer.
A partir de práticas físicas, exercícios respiratórios (e)ou meditação, o yoga busca, a todo momento, te conduzir num caminho para dentro, te lembrando que você não é o corpo, você não é a mente, você não é o conjunto de emoções que sente. O yoga cura. Namastê!