Uma Nova Esperança em Juiz de Fora
A pequena Esther e sua família embarcaram em uma jornada de mais de 300 quilômetros, de Careaçu, no sul de Minas, até o Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF). O motivo? Realizar o essencial Teste do Suor, conhecido como o padrão ouro para diagnosticar a fibrose cística, uma doença genética rara. O encaminhamento de Esther veio com urgência, após um resultado inconclusivo do teste do pezinho, um primeiro sinal que acendeu o alerta.
Entendendo a Fibrose Cística
A pneumologista pediátrica Marta Duarte explica que a fibrose cística é uma condição genética. A criança herda uma mutação de cada genitor, causando a produção de secreções espessas nos pulmões e no sistema digestivo. Isso pode levar a sintomas como tosse crônica, infecções pulmonares frequentes, má absorção de nutrientes e inchaço abdominal. “O teste do pezinho pode indicar um risco, mas só o teste do suor confirma o diagnóstico”, pontua a médica.
O Teste do Suor: O Que Mudou?
Este exame vital, que pode ser realizado em qualquer idade e também serve para monitorar os níveis de sal ao longo da vida, ganhou uma atualização significativa no HU-UFJF. Antigamente, pessoas com fibrose cística perdiam muito mais sal pelo suor, chegando a cristalizar na pele, o que rendeu à doença o apelido de “doença do beijo salgado”.
Como Funciona o Novo Exame:
- Um aparelho, similar a um relógio, é colocado no braço do paciente.
- Uma corrente elétrica suave é aplicada na pele, junto a uma substância que induz a transpiração.
- O suor coletado é então analisado para medir a concentração de cloreto, um componente do sal.
Precisão e Rapidez no HU-UFJF
Embora o HU-UFJF já realizasse o teste há mais de duas décadas, o método anterior era manual e dependia da observação da mudança de cor de uma substância, o que introduzia variações subjetivas nos resultados. Agora, a história é outra! O hospital investiu R$ 207.570,84 de recursos próprios na aquisição de um cloridrômetro, um equipamento moderno que trouxe uma verdadeira revolução.
“Com esse novo aparelho, não há mais dúvida. O resultado é gerado pelo equipamento, com alta confiabilidade. E, além disso, o processo ficou mais rápido e padronizado”, destaca Clarissa Cunha, chefe da Unidade de Laboratório do HU. O teste pode ser feito em qualquer idade, bastando apenas o encaminhamento médico.
A modernização foi fruto de uma força-tarefa entre a Unidade de Análises Clínicas e Anatomia Patológica, a Unidade da Criança e do Adolescente e o Centro de Referência em Fibrose Cística.
Avanços no Tratamento e Monitoramento
A automatização do exame não é apenas um salto no diagnóstico; ela representa um avanço crucial no monitoramento da doença. Com novos medicamentos revolucionários, os chamados moduladores da CFTR (que corrigem a proteína defeituosa responsável pela doença), disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), o teste do suor se tornou uma ferramenta essencial de controle terapêutico.
“Esses medicamentos revolucionaram o tratamento da fibrose cística. E o teste do suor nos mostra se eles estão funcionando. Se o sal no suor cai, significa que a célula está respondendo bem”, explica a Dra. Marta.
Fibrose Cística: Tratável e com Futuro Promissor
A fibrose cística, que antes era considerada uma doença fatal na infância, hoje tem um cenário muito mais otimista. Graças ao diagnóstico precoce, ao acompanhamento multidisciplinar e às novas terapias, a expectativa de vida dos pacientes pode ultrapassar os 60 anos. “Quanto antes a gente souber, mais cedo começa o tratamento, e menores são as complicações”, reforça a Dra. Marta Duarte.
No HU-UFJF, os pacientes contam com uma equipe especializada e integrada no Centro de Referência em Fibrose Cística, que faz parte do Serviço de Doenças Raras da instituição. Pneumologistas, gastropediatras, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos e outros profissionais trabalham juntos para oferecer o melhor cuidado.
Fonte da imagem: G1 Zona da Mata