Adeus a uma Voz Essencial: Juiz de Fora se Despede de Adenilde Petrina

Luto em Juiz de Fora: falece aos 73 anos Adenilde Petrina Bispo, ícone do movimento negro, professora e radialista, deixando um legado inspirador.
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Uma Vida Dedicada à Comunidade

Juiz de Fora se despede de uma figura inspiradora: Adenilde Petrina Bispo, uma mulher que marcou a cidade como líder comunitária, ativista do movimento negro, educadora e radialista. Ela nos deixou nesta quinta-feira (30), aos 73 anos, vítima de um câncer de mama, deixando um legado inesquecível de luta e dedicação.

O Impacto do Coletivo Vozes da Rua

Nos últimos anos, Adenilde brilhou intensamente à frente do Coletivo Vozes da Rua, um projeto que levava trabalho social e esperança aos jovens da periferia. Sua paixão por transformar realidades e sua voz ativa na rádio comunitária ‘Mega’, no Bairro Santa Cândida, foram pilares na defesa de direitos sociais fundamentais, como acesso à saúde, saneamento básico, educação e transporte.

Ela sempre recordava a luta por melhorias em seu bairro: “Era um bairro que não tinha água nem luz. Muitas casas eram de madeira ou latão. Eu comecei a participar nesse movimento, a frequentar a Prefeitura e brigar por políticas públicas. Nós nem sabíamos o que era política pública e começamos a nossa luta com muita dificuldade para conseguir água, luz e esgoto. Depois lutamos por escola, ônibus no bairro”, em entrevista ao ‘Fala, Comunidade’ em agosto deste ano.

Reconhecimento Acadêmico e Carreira Brilhante

A dedicação de Adenilde foi reconhecida em 2017 com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), instituição onde ela mesma se formou em História na década de 1970. Uma honraria merecida para alguém que tanto contribuiu para o progresso da educação e das ciências.

Sua trajetória incluiu décadas de ensino de História na rede municipal (1984-2013) e trabalho na Biblioteca da Igreja da Glória. No rádio, desde 1997, ela foi uma voz poderosa na rádio comunitária ‘Mega’, promovendo debates essenciais para a comunidade.

“Cada um deu uma ajuda para montar a rádio. A comunidade abraçou e, no dia que entrou no ar, dava até eco, porque estava todo mundo ouvindo. Tinha programação extensa: da Igreja Católica, umbanda, candomblé, espiritismo. Todo mundo tinha vez e voz. Era muito democrática com todo tipo de programa. Aprendemos muito, eu conheci o blues. Achava que era coisa de gente rica e fui aprendendo a ouvir jazz, música clássica. Fomos aprendendo sobre a cultura do continente africano, de onde viemos”, ela contou, demonstrando a riqueza de sua jornada.

Legado de Luta e Cultura Afro-Brasileira

Nascida em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, Adenilde chegou a Juiz de Fora aos 12 anos e foi a primeira de sua família a ingressar na faculdade. Além de sua atuação na rádio, foi co-idealizadora do Coletivo Vozes da Rua, difundindo a rica cultura afro-brasileira e oferecendo formação e informação para jovens da periferia, com destaque para o hip-hop.

O velório de Adenilde Petrina acontece nesta quinta-feira (30), a partir das 14h30, no Cemitério Parque da Saudade. O sepultamento será na sexta-feira (31), às 9h.

Fonte da imagem: G1 Zona da Mata

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