Você já acreditou em uma mentira hoje?

O simples ato de buscar a verdade passou a ser um gesto de responsabilidade coletiva
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A pergunta pode soar dura, mas é necessária. Em um mundo em que a mentira viaja mais rápido que a verdade, a reflexão sobre o que consumimos como informação tornou-se urgente. O avanço das tecnologias, das redes sociais e da inteligência artificial só ampliou esse desafio. Em tempos de desinformação, o simples ato de buscar a verdade passou a ser um gesto de responsabilidade coletiva.

De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em 2024, quase 90% dos brasileiros já acreditaram em notícias falsas. Apesar disso, a maioria das pessoas acredita que sabe diferenciar o que é verdadeiro do que é inventado. Esse descompasso entre autoconfiança e realidade ajuda a explicar os motivos de tantas inverdades circularem livremente, com aparência de fato, mas conteúdo vazio.

A desinformação não é só um problema técnico. É um problema social, ético e cultural. Ela desgasta vínculos de confiança, interfere em decisões importantes, compromete cuidados com a saúde e enfraquece o senso coletivo de realidade. Não se trata apenas de erros pontuais, mas uma distorção sistemática, muitas vezes compartilhada sem reflexão no impulso do clique. Quando mentiras ganham aparência de verdade, afetam relações, alimentam preconceitos e desestruturam o debate público.

É nesse contexto que o jornalismo reafirma seu papel. Informar com seriedade, responsabilidade e equilíbrio é mais do que uma função profissional – é um compromisso com a sociedade. Apurar, checar, ouvir diferentes lados, contextualizar. O que para alguns pode parecer simples é, na verdade, a base de uma comunicação honesta e construtiva.

Milton Coelho da Graça, jornalista com mais de 50 anos de carreira e um dos grandes defensores da liberdade de expressão, que faleceu em 2023, dizia: “A batalha fundamental da espécie humana se trava entre a busca do conhecimento e a ignorância”. Em tempos de desinformação acelerada, essa frase segue tão atual quanto necessária.

Para quem vive em cidades menores, com vínculos pessoais mais estreitos e informações que circulam com velocidade, o cuidado com a verdade é ainda mais sensível. O jornalismo, quando bem praticado, não é oposição nem apoio: é serviço. É ponte. É responsabilidade com o leitor.

Mas a responsabilidade não é apenas de quem escreve ou publica. Também é de quem lê, compartilha e forma opinião. O leitor atento, que valoriza boas fontes, que questiona e busca compreender além da manchete, também exerce um papel fundamental na construção de uma sociedade mais bem informada. Em tempos de excesso de informação, escolher o que consumir é tão importante quanto se informar.

A reflexão precisa ir além da crítica à imprensa. É preciso pensar sobre como cada um de nós contribui para o ambiente de ruído ou de clareza. Pequenos gestos – como não repassar mensagens sem verificar, buscar fontes confiáveis e ouvir diferentes perspectivas – fazem diferença no cotidiano e reforçam o compromisso com uma convivência mais ética e responsável.

Mais do que registrar os fatos, o jornalismo também preserva histórias, resgata memórias e conecta comunidades. Em suas páginas, encontramos não só denúncias e análises, mas também rostos conhecidos, conquistas locais, relatos que nos representam. Em um tempo em que tudo passa rápido demais, ele nos convida a parar, ler com calma, refletir e se reconhecer nas narrativas que nos cercam. A mentira pode até circular com mais pressa, mas a verdade constrói algo sólido. É como a diferença entre um castelo de areia e uma casa de pedra: um impressiona à primeira vista, o outro resiste ao tempo. E, nesse caminho, o jornalismo continua como um dos principais aliados de quem busca entender o mundo com mais clareza e consciência.

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